sábado, 13 de abril de 2013

SC tem trecho mais crítico de acidentes entre rodovias federais



Passarela da BR-101 na região de Palhoça, Grande Florianópolis; em 2012, houve 1.582 acidentes entre os Kms 200 e 210, considerado o trecho mais perigoso das rodovias federais (Foto: Joana Caldas/G1SC)

A BR-101 em Santa Catarina possui o trecho mais crítico de acidentes das rodovias federais brasileiras, segundo levantamento obtido pelo G1 realizado pela Polícia Rodoviária Federal. No total dos trechos mais perigosos, Rio, São Paulo e Paraná são os estados que concentram o maior número de pontos com problemas. (Veja lista com 100 trechos mais perigosos aqui)

De acordo com a PRF, o levantamento leva em consideração o custo social dos acidentes, que é obtido com o cruzamento de uma série de critérios que abordam o impacto social e familiar (como, por exemplo, o número de acidentes no trecho e o número de vítimas).

Esses fatores formam um índice de gravidade por trecho, utilizado pela instituição para focar as fiscalizações e tentar diminuir a gravidade dos acidentes nesses pontos.

O índice é baseado em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da PRF, que definem pesos para os acidentes: sem vítima, 1 ponto; com vítima, 5 pontos, e com óbito, 25 pontos. O número de acidentes é multiplicado pela pontuação de cada tipo, gerando a gravidade da área.

Os trechos considerados críticos estão nas estradas federais de 18 estados e do Distrito Federal. Rio de Janeiro e São Paulo possuem 13, e Paraná tem 12 ao todo. Em seguida aparecem Rio Grande do Sul, Pernambuco e Minas Gerais, cada estado com seis trechos mais críticos das BRs.

A BR-116 e a BR-101 são as rodovias que mais concentram esse tipo de trecho, a primeira com 24 pontos perigosos, e a segunda com 22, seguidas pela BR-040, com nove pontos.

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“Esses trechos críticos estão centralizados em regiões metropolitanas, bastante urbanizadas e com grande quantidade de carros”, explica o inspetor da PRF Stênio Pires. O acidente mais comum nesses locais é o atropelamento. “Hoje a rodovias federais viraram avenidas, a exemplo da Via Dutra, em São Paulo. Imagine o pedestre atravessando a Dutra.”

Segundo Pires, das 1.366 pessoas que morreram em atropelamentos no ano passado, 800 foram em trechos urbanos. “Se contarmos que a maior parte da malha é via rural, proporcionalmente, representa muito mais.”

Já nos dez trechos mais perigosos segundo o ranking, a maior causa de acidentes é a colisão traseira. “A maioria está em áreas urbanas, e no congestionamento, essa ocorrência é recorrente”, diz Pires.

Ademir Abílio, 56, diz já ter presenciado vários
acidentes: 'Já vi morrerem uns oito'.
(Foto: Joana Caldas/G1SC)

'Já vi morrerem uns oito'
Morador desde que nasceu da região próxima ao km 200 da BR-101, na região de Biguaçu e Palhoça, na Grande Florianópolis --o mais crítico do país, segundo a PRF--, o aposentado Ademir Abílio, 56, diz já ter presenciado vários acidentes. “Já vi morrerem uns oito", afirma ele.

Em 2012, foram 1.582 acidentes entre os quilômetros 200 e 210, com 702 vítimas, entre lesões leves e mortes, segundo a PRF-SC. “Tem uma peculiaridade nesse trecho. Temos trânsito urbano durante a manhã e a tarde”, afirma a policial rodoviária Maitá Berti, da comunicação da instituição.

Segundo ela, no horário de rush, com motoristas se deslocando de casa para o trabalho e vice-versa, ocorrem muitos acidentes de colisão traseira e lateral. Mas, durante a noite, o trecho tem características típicas de rodovias, como alta velocidade.

Rita de Cássia, que mora há cinco anos na região, também diz que já presenciou muitas cenas de horror na rodovia. A mais marcante foi “uma senhora que morreu atropelada embaixo da passarela”, conta.
Falta de atenção
Outro entre os piores trechos fica entre os kms 220 e 230 da rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade de Guarulhos (SP), onde a colisão traseira é recorrente. No início de março, dois engavetamentos graves ocorreram a apenas alguns quilômetros de distância um do outro (Veja vídeo ao lado).

"Aqui vive tendo acidente. E uma vez o caminhão bateu na passarela. Sorte que ninguém morreu", afirma Simone Barbosa, 26, que trabalha no shopping Internacional de Guarulhos, à beira da rodovia. "Todo dia uso essa passarela, podia ter sido eu."
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Ela se refere a um acidente ocorrido em 2006, quando um caminhão desgovernado que ia de São Paulo a Taubaté derrapou na altura do km 225, subiu na ilha central e bateu na pilastra central de sustentação. A pista ficou 42 horas interditada.

"Os motoristas têm que tomar mais cuidado aqui. Além de ter muito pedestre, esse rodízio de caminhão piorou muito o trânsito. Às vezes você está vindo a 90 km/h, aparece do nada um caminhão parado na sua frente. Aí não tem mais o que fazer", completa Ivan Ferreira Mendonça, 34, auxiliar administrativo.
Trânsito na Via Dutra facilita acidentes como colisão traseira (Foto: Luis Moura/AE/Estadão Conteúdo )

A PRF afirma que, na Páscoa, concentrou a fiscalização nesses pontos, conseguindo reduzir o número de acidentes em relação ao ano anterior em 9%. Foram 2.429 acidentes contra 2.674 em 2012; e um total de 1.371 feridos, o que representou uma redução de 20% na comparação com o ano passado, com 1.721 feridos. 

No feriado, os estados em que mais aconteceram acidentes foram Minas Gerais (348), Paraná (281), Santa Catarina (270), Rio de Janeiro (193) e Rio Grande do Sul (193).

Segundo a PRF, a redução de óbitos e feridos é ainda maior se os números forem comparados com o tamanho da frota de automóveis – que aumentou no último ano. Pelo cálculo levando em conta a frota, a queda seria de 15% para o número de óbitos e 25% para a quantidade de feridos.

*Colaborou Joana Caldas, do G1SC

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