segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PROTAGONISMO FEMININO! Uma análise sobre a eleição de Lajes de Tárcio Araújo

                     FEITO HISTÓRICO: “TRIO DE SAIAS”  VAI COMPOR LEGISLATIVO 

O pleito eleitoral deste ano certamente ficou marcado  por um fato incomum; pela primeira vez na história os munícipes elegem três parlamentares mulheres para o posto de vereador. Um feito inédito para um município que já carregava em seu  DNA o protagonismo  e  pioneirismo feminino na politica desde a eleição de Alzira Soriano em 1927. Ocasião que a tornou a primeira mulher prefeita da América Latina.

Alzira foi um marco sem sombra de dúvidas, mas depois dela houve um hiato. Um fosso político  que perdura até os dias de hoje.  Ao longo dos 93 anos de emancipação política de Lajes nenhuma outra mulher conseguiu emergir ao posto novamente. 

Houve tentativas, mas todas  bateram na trave. Dr. Eliane Almeida foi a primeira a tentar, concorreu  à  prefeitura em 1992 quando teve sua candidatura derrotada por Edivan Lopes. A professora Gorete Thadeu também  disputou pelo PT no inicio dos anos 90 mas sem êxito.

Tempos depois, já em 2004 foi o ano que essa possibilidade se aventou com mais força através da candidatura de Eliana Santos. Na ocasião, o cenário era favorável dado o  crescimento e a robustez de sua campanha.  Porém, mais uma vez Edivan Lopes sucumbiu os planos de uma mulher chegar ao executivo novamente e venceu as eleições com uma margem de pouco mais de 300 votos. Fora a campanha mais apertada depois da hegemonia da dobradinha Benes-Edivan na politica local. 
Há de se destacar também o papel da odontóloga Lurdinha Arruda que concorreu à prefeitura nas últimas três campanhas. Apesar de não lograr êxito,  já pode ser considerada uma figura de destaque na história politica do nosso município. 

Em 1996, Fátima Militão, então eleita na chapa de vice-prefeito de Benes Leocádio, ascendera ao posto por alguns meses  enquanto o titular  se licenciara  para coordenar campanha estadual. Um período de curta duração  mas que serviu para agregar elementos  ao protagonismo feminino na politica lajense.  Depois de Alzira, apenas Fátima Militão teve a oportunidade de deliberar como prefeita municipal, mesmo assumindo em exercício. 

Mas e a Câmara de vereadores heim ? Bom! Fiz esse prólogo para chegar ao  nosso tema de hoje. 

Essa é uma Segunda-feira histórica para a politica local. Lajes  amanhece pela primeira vez com 03 mulheres eleitas para o legislativo.  Guardada as devidas proporções, um feito não menos importante do que a eleição de Alzira nos anos 20  do século passado. A eleição de Rilva Cunha, Suely da Farmácia e a recondução de Rosa Costa, é um feito  que pode sim,  ser comparado ao momento vivido por Alzira. 

Ao longo da história o nosso legislativo também foi carente da presença feminina. A trajetória politica de Lajes registra apenas  06 mulheres com assento na casa.  No meu entendimento, é pouco para um município com quase cem anos de emancipação. 

Também nesse quesito, ( Câmara de Vereadores),  Alzira Soriano é a pioneira. Ela  quem abriu os caminhos para a mulher com a sua eleição, após a redemocratização da república em 1945. Digamos que Alzira é uma espécie de “mãe” de todas as mulheres que ensejam na vida pública.

Depois veio  Clarice Pereira nos anos 50. Era esposa do líder politico e prefeito por 03 oportunidades, o Sr. Pereira Primo.  

Entre as décadas de 60 e 70 do século passado, mais dois quadros integraram o feminismo na câmara municipal de Lajes. Em principio com o mandato da senhora Maria Correia. Personagem pouco lembrada na nossa politica, mas que cravou o  nome na história com a sua eleição.  A outra mulher de vanguarda dessa época foi Lourdes Lopes, vereadora com atuação permanente e muitos serviços prestados ao município. 

Na década de 80 essa atuação foi protagonizada por Osila Pereira, vereadora num mandato de 06 anos entre 83 a 88.  Dona Osila é filha de Clarice Pereira a qual também já fora vereadora nos anos 50 e que me reportei anteriormente. Depois disso mais um hiato sem mandatos femininos na Câmara Municipal. 

Somente em 1996 com a eleição de Salete Leandro é que essa ausência foi quebrada. E um detalhe... Salete Leandro é a mulher com mais mandatos na Câmara Municipal.  Ao todo foram 03, entre os anos de 1997 a 2008. Tive a oportunidade de ser contemporâneo dela quando da minha passagem pelo parlamento no inicio dos anos 2000.  Uma excelente pessoa, com trabalho destacado ao público da terceira idade. 

Mais recentemente a Vereadora Rosa Costa ( Rosa de Cesar ) vinha mantendo a representação feminina na Câmara.  Reeleita para segundo mandato, a vereadora Rosa recebe a companhia de mais duas colegas.  A chegada de Rilva Cunha e Suely da Farmácia, certamente fortalece o espirito de diversidade e equidade entre os pares do legislativo. A meu ver, isso é um feito muito positivo, não só pelo gênero em si  mas pela capacidade de ambas.  

A eleição de agora, marca uma página bonita na politica de Lajes e reescreve a nossa história fazendo valer o protagonismo  feminino na vida pública. Para quem já teve a primeira mulher prefeita da América Latina, agora tem pela primeira vez 03 mulheres vereadoras. Um “trio de saias” para diversificar e contribuir com o trabalho e  o desenvolvimento do município. 

Acredito na força e na sensibilidade da mulher e penso que Lajes está bem servida com seus novos e  novas vereadores.  O que vier pela frente a historia vai dizer.

Boa sorte a todos os eleitos! Em especial às mulheres lajenses.

Com fonte do jornalista formado Tárcio Araújo

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