domingo, 30 de outubro de 2011

Circuito Ribeira pode ter seu fim

 Evento que tem mobilizado o bairro histórico carece de incentivos permanentes para manter periodicidade
Depois de São Paulo e boa parte das capitais brasileiras, Natal receberá sua virada cultural. Serão 24 horas de atrações. Teatro, dança, folclore e muita música. E o melhor: com aproximadamente 5% do valor investido, por exemplo, nas 48h de programação da Virada Multicultural do Recife, promovida há duas semanas. A versão natalense teria outro plus: todas as apresentações estariam concentradas em um mesmo bairro, para melhor locomoção e seria a única no país organizada pelos produtores locais. E o que falta? Um palco. E por quê? Por falta de patrocínio do poder público e privado.


Apesar das dificuldades, organizadores planejam a primeira Virada Cultural da cidade, agendada para os dias 10 e 11 deste mês Foto:Ana Amaral/DN/D.A Press
Os idealizadores do Circuito Cultural Ribeira fizeram sua parte: no começo do ano iniciaram um projeto inovador, viável e com presença maciça do público. A média foi de seis mil pessoas por edição mensal. E mais do que promover cultura ofertada de graça à população, trouxe de volta a sociedade à Ribeira. E a fórmula de sucesso do projeto estava escancarada: a abertura de novas casas de show no bairro e o movimento crescente de pessoas mostravam o potencial para algo mais. E foi o que as veteranas Casa da Ribeira e Centro Cultural Dosol fizeram.

O Circuito foi aprovado na Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura. O patrocínio da Conexão Vivo cobriu o investimento em quatro edições. Já na primeira, em pleno carnaval, quatro mil pessoas invadiram a Ribeira para curtir os shows apresentados nos seis espaços parceiros do projeto. A partir da segunda edição, a média de público variou entre seis e sete mil pessoas. Sucesso total. Mesmo com o fim do patrocínio, os idealizadores decidiram bancar o projeto por mais quatro edições, já com 14 casas abertas, além de uma edição especial em outubro, só com música erudita.

Finalizadas as atividades este ano, os produtores do projeto pensaram em uma edição especial de fim de ano; uma virada cultural com 24 horas ininterruptas de shows. Para tal, precisam de dinheiro. A leis de incentivo já fecharam balanço para este ano. O poder público está com orçamento programado para os festejos natalinos. E se já é difícil apoio da iniciativa privada via lei de incentivo, sem esse mecanismo a barganha é quase impossível. Ainda assim, três modelos de projeto foram elaborados. Todos eles no formato básico do Circuito e com alguns bônus. Um deles vai acontecer.

Segundo o diretor artístico da Casa da Ribeira, Henrique Fontes, o segundo modelo seria o mais ideal para o momento, com o palco da Rua Chile para receber uma atração nacional e vários artistas locais. "Queremos provocar parcerias inusitadas entre artistas locais, para que criem para o evento". Esse formato de projeto custaria R$ 160 mil.

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