domingo, 30 de outubro de 2011

Organize o orçamento e realize seus sonhos

Com dívidas em alta, o fim do ano chega como uma oportunidade para o consumidor organizar as contas
   Ainda falta mais de um mês para o Natal e o Ano Novo chegarem. Mas, para o brasileiro, o fim do ano parece que já chegou. O clima antecipado de "Feliz Natal e Próspero Ano Novo" é estimulado por vários fatores, mas um chama atenção: o comércio já tem a cara da festa mais esperada do ano e a palavra de ordem é comprar. Enquanto o marketing das lojas diz "compre", o crédito faz pior: ensina que dá para comprar até quando não se tem dinheiro. Mas, no Brasil, a situação não está exatamente fácil para quem quer ter uma "noite feliz" no dia 24 de dezembro.


Na capital do Rio Grande do Norte, números da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL) mostram que o bolso dos consumidores não está exatamente sob controle. Até setembro deste ano, 75,8 mil registros de endividados chegaram ao sistema do SPC. No mesmo período do ano passado, o número era de 16,7 mil pessoas com dívidas em atraso; um aumento de 353%. Mesmo assim, ao longo de 2011, os dados mostram umaredução nos registros: em janeiro, por exemplo, eram 87,8 mil cadastrados na "lista negra".

Para quem faz parte do rol de endividados, o momento é de colocar as contas na ponta do lápis para equilibrar o orçamento, pagar o que está atrasado e garantir a compra dos presentes. E como fazer? Para Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente do Instituto DSOP, um dos caminhos é sonhar. "O fim do ano é propício para avaliar o que eu adquiri e o que eu pretendo fazer. Uma reunião familiar é necessária. O primeiro passo é reunir a família e conversar sobre desejos para colocar todo mundo em prol dos objetivos individuais e coletivos".

Na análise do educador, as coisas estão fora de controle e, ao contrário do que muitos planejam, ele não acredita que o 13º salário ou outros bônus de fim de ano sejam para pagar dívidas. "O que vem acontecendo é que existe um desequilíbrio financeiro das próprias famílias de pegar o 13º para pagar as contas atrasadas. Ou seja, eu tenho mais dinheiro então vou pagar dívidas, para compensar um desequilíbrio".

Para sair do vermelho, o passo-a-passo orientado por Domingos é explicado por meio da filosofia que dá vida à sigla do Instituto DOSP: Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar. O primeiro ponto sugerido é colocar tudo que se gasta no papel. "Esse é um passo importante. Temos que colocar tudo, cada centavo. Até mesmo a gorjeta que eu dou para quem lavou o carro, o doce que eu comprei. E sem estimativa do tipo 'eu gasto uns R$ 200 nas compras'. É preciso saber quanto eu gasto exatamente".

O segundo passo é um dos mais importantes. "Organizar as finanças significa, às vezes, renunciar a muitas coisas, fazer sacrifícios. Nada disso faz sentido se não temos um objetivo, um sonho", afirma o presidente do DSOP. E ele alerta que o sonho não pode ser somente um. Para Domingos, uma família precisa ter pelo menos três sonhos: um de curto prazo (para ser realizado em até 1 ano), um de médio prazo (até 10 anos); e um de longo prazo (acima de 10 anos).

Depois, é preciso orçar, ou seja, pegar o diagnóstico e o custo de cada sonho e se planejar para encontrar o melhor caminho para atingir as metas. Observe quanto você ganha, quanto você vai ganhar (extras) e também quanto sai. "Corte ou reduza as suas despesas. Existem alguns gastos essenciais, como energia elétrica, água e telefone que correspondem até 30% do que gastamos a mais todos os meses. Imagina se você economiza isso por 20 ou 30 anos".

A partir da economia, a orientação é poupar. Com o dinheiro que se guarda, os sonhos serão realizados. "O dinheiro guardado e bem aplicado pode ter como recompensa a TV de LCD, o carro ou até uma aposentadoria sustentável", afirma Domingos.

Muitas vezes excluídas das conversas de adulto, as crianças são parte importante desse processo. O Instituto DSOP realiza um trabalho de educação financeira que inclui também crianças entre 6 e 7 anos. "A criança precisa aprender a respeitar a importância do dinheiro. E também incluir seus sonhos. Se o sonho é um videogame, é preciso explicar como ele vai conseguir ganhar obrinquedo, que cortes podem ser feitos, entre outras coisas".

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