Ainda falta mais de um mês para o Natal e o Ano Novo chegarem. Mas, para o brasileiro, o fim do ano parece que já chegou. O clima antecipado de "Feliz Natal e Próspero Ano Novo" é estimulado por vários fatores, mas um chama atenção: o comércio já tem a cara da festa mais esperada do ano e a palavra de ordem é comprar. Enquanto o marketing das lojas diz "compre", o crédito faz pior: ensina que dá para comprar até quando não se tem dinheiro. Mas, no Brasil, a situação não está exatamente fácil para quem quer ter uma "noite feliz" no dia 24 de dezembro.
Para quem faz parte do rol de endividados, o momento é de colocar as contas na ponta do lápis para equilibrar o orçamento, pagar o que está atrasado e garantir a compra dos presentes. E como fazer? Para Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente do Instituto DSOP, um dos caminhos é sonhar. "O fim do ano é propício para avaliar o que eu adquiri e o que eu pretendo fazer. Uma reunião familiar é necessária. O primeiro passo é reunir a família e conversar sobre desejos para colocar todo mundo em prol dos objetivos individuais e coletivos".
Na análise do educador, as coisas estão fora de controle e, ao contrário do que muitos planejam, ele não acredita que o 13º salário ou outros bônus de fim de ano sejam para pagar dívidas. "O que vem acontecendo é que existe um desequilíbrio financeiro das próprias famílias de pegar o 13º para pagar as contas atrasadas. Ou seja, eu tenho mais dinheiro então vou pagar dívidas, para compensar um desequilíbrio".
Para sair do vermelho, o passo-a-passo orientado por Domingos é explicado por meio da filosofia que dá vida à sigla do Instituto DOSP: Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar. O primeiro ponto sugerido é colocar tudo que se gasta no papel. "Esse é um passo importante. Temos que colocar tudo, cada centavo. Até mesmo a gorjeta que eu dou para quem lavou o carro, o doce que eu comprei. E sem estimativa do tipo 'eu gasto uns R$ 200 nas compras'. É preciso saber quanto eu gasto exatamente".
O segundo passo é um dos mais importantes. "Organizar as finanças significa, às vezes, renunciar a muitas coisas, fazer sacrifícios. Nada disso faz sentido se não temos um objetivo, um sonho", afirma o presidente do DSOP. E ele alerta que o sonho não pode ser somente um. Para Domingos, uma família precisa ter pelo menos três sonhos: um de curto prazo (para ser realizado em até 1 ano), um de médio prazo (até 10 anos); e um de longo prazo (acima de 10 anos).
Depois, é preciso orçar, ou seja, pegar o diagnóstico e o custo de cada sonho e se planejar para encontrar o melhor caminho para atingir as metas. Observe quanto você ganha, quanto você vai ganhar (extras) e também quanto sai. "Corte ou reduza as suas despesas. Existem alguns gastos essenciais, como energia elétrica, água e telefone que correspondem até 30% do que gastamos a mais todos os meses. Imagina se você economiza isso por 20 ou 30 anos".
A partir da economia, a orientação é poupar. Com o dinheiro que se guarda, os sonhos serão realizados. "O dinheiro guardado e bem aplicado pode ter como recompensa a TV de LCD, o carro ou até uma aposentadoria sustentável", afirma Domingos.
Muitas vezes excluídas das conversas de adulto, as crianças são parte importante desse processo. O Instituto DSOP realiza um trabalho de educação financeira que inclui também crianças entre 6 e 7 anos. "A criança precisa aprender a respeitar a importância do dinheiro. E também incluir seus sonhos. Se o sonho é um videogame, é preciso explicar como ele vai conseguir ganhar obrinquedo, que cortes podem ser feitos, entre outras coisas".
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